O caso que nunca termina
Depois da nossa segunda cerveja, aquela mulher de 39 anos, casada e mãe de dois filhos, me contou, resumidamente, sua história com seu grande amor. Faz mais de 20 anos, mas ela ainda lembra como era a sensação de estar perto dele, e admite que sente muita falta daquilo, mesmo depois de todo esse tempo. Ela aprendeu a amar de novo e me pareceu feliz e grata à vida por tê-la empurrada por aquele caminho, mas foi sincera ao dizer que estaria disposta a reencontrá-lo se, por algum motivo, fosse separada do marido.
Ela reconhece que agora está com uma pessoa muito melhor, mas me pareceu um pouco culpada quando confessou que sua mão tremeu quando leu uma mensagem dele e que optou por não vê-lo porque não sabia até onde iria seu autocontrole. "Como a gente manda no coração?!" exclamou, se justificando.
Hoje ela sabe que não ficou com ele por um triz, por causa de um desses desencontros que nos deixam no chão; que eles se separaram, simplesmente, porque depois de se encontrarem dezenas de vezes, nunca mais se viram.
Antes de mudarmos de assunto, fiquei pensando em como o mundo está cheio dessas micro histórias infelizes que envolvem duas pessoas que se trombaram tão forte, mas tão forte, que acabaram sendo quebradas pela vida e por elas mesmas; que nasceram pra permanecerem juntas, mas receberam um "não foi dessa vez" bem na cara. O relato todo me fez pensar de novo em como tudo é tão injusto e em como o amor romântico do século XVIII surgiu apenas pra mascarar as dificuldades vividas por quem sente na pele o amor cru e genuíno.

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