Se eu me arriscar a dizer que sou sozinha, me falarão sobre amor e apontarão pessoas. "E eu?", dirão. Não conhecem nada sobre a paz na solidão do meu quarto e da solidão do meu vazio ecoante. Jornadas, tarefas, celulares, televisões, olhos desatentos, dores, 12 horas de serviço diárias. Ela me olha e me entende, mas se vai antes que eu possa dizer mais. Ele acha que concilia tudo, mas, cansado, me deixa escorregar, cada dia um pouquinho, pelo vão dos seus dedos. Eu sou quase-sozinha. Nos nós, paralisações, desesperos, pânicos, instintos, aceleração, pontadas, temores e tremores. Nas madrugadas, nos escuros, nos cantos, nos intervalos. No livro, na orientadora, no quarto desarrumado, no futuro, nas festas de final de ano, na pele fina e enrugada. Nessas horas, onde está todo mundo? Sou sozinha.

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