1, 2, 3 vezes cabelo no chão e, na terceira, o espelho mostrava uma nova eu. Cabelos, padrões, cabelos, bloqueios, cabelos, frustrações, cabelos, inaceitação.  Liso e cacheado, aprendizados forçados e espontâneos. Sem batom e sem salto e um sorriso nas fotos, mas querendo uma festa para poder me maquiar. Alguém me olhando com orgulho e admiração e eu trampando, conciliando, me equilibrando pra não pender nem perder. Entre a sensibilidade e a dureza, a apatia. A liberdade de deixar ir e asco por já ter ficado. Medo, muito medo e a coragem caída como meus cabelos. Medo do que? Do futuro. Do futuro da saudade, de amanhã de manhã, da metade da semana e do próximo mês, medo da vida e da reprova no teste. Ainda sem jeito para provas práticas. Ansiedade à mil, o redemoinho no estômago e o mundo pressionando minha cabeça. Daquelas dores que comprimidos não resolvem. Falta de atitude, mas bronca na voz: comigo malandro não se cria. A inocência e a conformação indo embora com o batom vermelho que mostrava uma certeza que eu não tinha. Com 23 e o 19  há mais de 4, agora a casa é minha, a mãe sou eu, eu que tenho que dizer não. Um gole de cerveja e uma preocupação, será que estou sendo o suficiente? Logo vem a culpa. Mais um gole de cerveja. Mudei pq cortei o cabelo ou cortei o cabelo pq mudei? 2019 foi punk.

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